NV Madeira Artur de Barros e Sousa Sercial 75cl

NA Madeira Artur de Barros e Sousa Sercial 75cl

Possivelmente engarrafado decada de 50.

A firma Artur de Barros e Sousa Lda. foi fundada em 1890 por Pedro José Lomelino e mantida sempre em família ao longo dos anos, de onde se destacam Artur e Edmundo Olim, descendentes da 4ª geração. Foi a companhia produtora de vinho Madeira mais pequena na ilha, produzindo anualmente entre 8.000 e 10.000 litros. As mudanças efetuadas neste estabelecimento ao longo dos anos foram muito poucas, tornando-o num museu vivo. Os vinhos da Madeira da Artur de Barros e Sousa (ABSL) são delicados e quase frágeis na sua estrutura, ganhando muito com a idade. Na sua juventude, eles podem parecer mais simples, mas a idade aumenta a sua complexidade e profundidade. Em 2014, a Artur de Barros e Sousa é adquirida pela vizinha Pereira D’Oliveira, atual proprietária da empresa.

“Os vinhos Madeira perderam um pouco do seu glamour. Não foi a primeira casa madeirense a mudar de mãos, mas a empresa dos irmãos Artur e Edmundo Olim era especial. Os dois geriam o negócio de forma quase comovente, insistindo em práticas que as restantes companhias de vinho Madeira haviam abolido há muito tempo. Não possuíam computador, usavam um telefone quase contemporâneo de Bell, enchiam as garrafas à mão, pintavam os rótulos à mão e reaproveitavam as garrafas lavando-as também à mão. Não exportavam e as poucas centenas de garrafas que enchiam por ano eram só vendidas na loja.

Entrar na Artur Barros e Sousa, com o seu belo pátio interior (emoldurado com algumas videiras) que liga o escritório vintage ao velho armazém onde os vinhos estagiavam, era como mergulhar num singelo museu do vinho Madeira. Dividido em três pisos povoados de teias de aranha, o armazém tinha tanto de casa de bonecas como de casa assombrada. A disposição das velhas pipas respeitava o tradicional sistema de envelhecimento de canteiro (o nome advém das vigas de madeira em que assentam): os vinhos mais novos no piso superior, mesmo junto ao telhado, para apanharem mais calor, e os vinhos mais velhos no piso inferior.

Os vinhos Madeira são dos poucos vinhos do mundo que melhoram com os maus tratos, graças à sua fabulosa acidez. Apesar de sujeitos desde novos a temperaturas elevadas para evoluírem mais depressa, conseguem ser quase eternos. Para acelerar a evolução dos vinhos, sobretudo os mais baratos, a maioria das empresas recorre à estufagem artificial. A Artur Barros e Sousa até nisso era diferente: ufanava-se de ser a única que só usava o sistema de canteiro.

A empresa funcionava praticamente da mesma forma desde que foi criada, em 1954, a partir da junção dos lotes de vinhos velhos que os dois irmãos possuíam. Ao longo dos anos, o stock foi sendo reposto com a produção de vinhos a partir da compra de uvas a agricultores da ilha. Mesmo que não fossem os melhores, poucos Madeira provocavam tanta emoção a beber como os vinhos da Artur Barros e Sousa, em especial os seus reservas de Terrantez, Verdelho, Sercial, Malvasia e Boal e ainda mais os raros Bastardo e Listrão, duas castas praticamente extintas na Madeira.

O legado passa agora para a Pereira D’Oliveira, empresa também de natureza familiar que funciona mesmo na porta ao lado e que possui uma das mais extraordinárias colecções de Madeira datados e vintages velhos. Os vinhos podem estar a salvo, mas não há nada que possa preencher o vazio deixado pela saída de cena dos irmãos Artur e Edmundo Olim. Com o fim da Artur Barros e Sousa, é um pedaço da história do vinho Madeira que se extingue.”

Fonte: Jornal “O Público”.

 NV Madeira Artur de Barros e Sousa Sercial 75cl

Possibly bottled decade of 50's.

The firm Artur de Barros e Sousa Lda. Was founded in 1890 by Pedro José Lomelino and has always been kept in family throughout the years, among which stand out Artur and Edmundo Olim, descendants of the 4th generation. It was the smallest Madeira wine producing company on the island, producing between 8,000 and 10,000 liters annually. The changes made to this establishment over the years have been very few, making it a living museum. Madeira wines from Artur de Barros e Sousa (ABSL) are delicate and almost fragile in structure, gaining a lot with age. In their youth they may seem simpler, but age increases their complexity and depth. In 2014, Artur de Barros e Sousa is acquired by neighboring Pereira D'Oliveira, the current owner of the company.

“Madeira wines have lost some of their glamor. It was not the first Madeiran house to change hands, but the company of the brothers Artur and Edmundo Olim was special. They both managed the business almost movingly, insisting on practices that the rest Madeira wine companies had long ago abolished, they had no computer, they used an almost contemporary Bell telephone, they filled the bottles by hand, painted the labels by hand, and reused the bottles by hand washing. bottles they filled each year were only sold in the store.

Entering Artur Barros e Sousa, with its beautiful inner courtyard (framed with a few vines) that connects the vintage office with the old warehouse where the wines were aged, was like diving into a simple Madeira wine museum. Divided into three cobbled floors, the warehouse had both a dollhouse and a haunted house. The arrangement of the old kites complied with the traditional aging system (the name comes from the wooden beams on which they set): the newer wines on the top floor, just near the roof, for more heat, and the older wines in the lower floor.

Madeira wines are among the few wines in the world that improve with mistreatment, thanks to their fabulous acidity. Although subjects from young to high temperatures to evolve faster, they can be almost eternal. To accelerate the evolution of wines, especially the cheapest, most companies use artificial stew. Artur Barros e Sousa was different even then: she was proud to be the only one who only used the flowerbed system.

The company has been operating in much the same way since it was created in 1954 by combining the batches of old wines the two brothers owned. Over the years, the stock has been replenished with the production of wine from the purchase of grapes from farmers on the island. Even if they were not the best, few Madeira provoked as much excitement to drink as the wines of Artur Barros and Sousa, especially their reserves of Terrantez, Verdelho, Sercial, Malvasia and Boal and even more the rare Bastardo and Listrão, two varieties practically extinct in Madeira.

The legacy now goes to Pereira D'Oliveira, also a family-owned business that runs right next door and has one of the most extraordinary collections of dated Madeira and old vintages. The wines may be safe, but there is nothing that can fill the void left by the departure of the brothers Artur and Edmundo Olim. With the end of Artur Barros e Sousa, it is a piece of the history of Madeira wine that is extinct. ”

Source: “O Público” newspaper.